“He proibido a venda ao povo do remedio Le Roy”: o combate às práticas populares de cura no Recife da primeira metade do século XIX (1828-1845)

Abstract

O combate às práticas populares de cura no Recife da primeira metade do século XIX, por parte da administração municipal e da elite médica, integrou o projeto higienista ao qual essa cidade foi submetida nesse período. A partir da documentação histórica levantada para este estudo, percebemos que tal combate não esteve isento de descumprimento e resistência por parte dos inúmeros agentes das artes de curar que atuavam nessa cidade. Objetivando analisar algumas particularidades desse processo, este estudo lança olhares sobre os caminhos da institucionalização do saber médico no Brasil; o contexto sanitário e as intervenções urbanas vivenciadas no Recife a partir do higienismo; a existência e permanência de práticas populares de cura; bem como o combate a essas práticas na capital da província de Pernambuco durante a primeira metade do século XIX. Os resultados alcançados, embora iniciais, nos permitiram perceber que, embora diante das ações da administração municipal e da elite médica local, uma parte dos diferentes terapeutas populares continuava atuando na ilegalidade, impondo desafios ao processo de higienização em curso nesse período.