Trajetórias subalternas urbanas: o cotidiano de mulheres egressas do cárcere em Pernambuco
Data
2025
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O sistema penitenciário brasileiro apresenta historicamente vários problemas. De um lado, estes problemas têm vinculação com o fenômeno do encarceramento em massa, que impede ou limita a possibilidade do Estado atingir o objetivo anunciado de ressocialização dos indivíduos. De outro, a "qualidade da matéria humana" que ocupa o cárcere, pobres, negros, periféricos, "cidadãos de segunda classe" ou da Ralé como diria Jessé Souza (2016), não alimenta maiores esforços por parte das classes dominantes de reestruturar a situação do cárcere ou do encarceramento. As mulheres sofrem maiores impactos sociais e subjetivos do encarceramento. Segundo dados do International Centre for Prison Studies há aproximadamente 700.000 mulheres encarceradas no mundo e o Brasil ocupa o quarto lugar no ranking das maiores populações carcerárias femininas. Ocorreu uma espécie de boom do encarceramento feminino no Brasil a partir dos anos 2000, momento em que o país passou de aproximadamente 10.112 mulheres presas para 42 mil em 2016. No ano de 2019, no Estado de Pernambuco, a população carcerária feminina estava em torno de 1500 mulheres e o motivo do encarceramento para maioria dos casos está vinculado ao tráfico de drogas. Geralmente, são mulheres jovens, negras ou pardas, moradoras de periferia, com baixo grau de instrução formal, que trabalham em subempregos ou estavam desempregadas, mãe de no mínimo um filho e com algum parente, seja irmão, filho, marido ou companheiro preso, e que da sua renda dependem para manter as despesas familiares. A presente proposta de pesquisa, Trajetórias subalternas urbanas: o cotidiano e o cárcere representa o aprofundamento de pesquisas já realizadas e em andamento sobre as relações subalternas nas cidades e no cárcere (Modos de vida urbanos: Cotidianos subalternos nas cidades, 2017-2020; A vida além das grades: As trajetórias de mulheres egressas do sistema prisional de Pernambuco, 2019-2020). É qualitativa com inspiração no método da pesquisa ação, e tem o objetivo de compreender as relações entre modos de vida e subalternidade a partir do cotidiano de mulheres com vivência no sistema carcerário pernambucano, estabelecendo como interlocutoras mulheres egressas do sistema carcerário. De modo específico buscamos analisar: o perfil socioeconômico e de acesso a serviços das mulheres egressas ao cárcere em Pernambuco, bem como, os impactos da covid-19 no cotidiano destas mulheres. A pandemia da covid-19 expôs de forma incisiva a urgência do sistema prisional brasileiro. O colapso enfrentado pelo sistema carcerário brasileiro é anterior à pandemia, como é sabido. Entretanto, diante de um cenário de uma profunda crise sanitária, faz-se necessário problematizar e repensar as ações do Estado dentro desse ambiente. E especificamente no caso das mulheres, os impactos ultrapassam de forma decisiva o cárcere atingindo de modo significativo as suas possibilidades de vida no pós cárcere, alcançando seus territórios, cada vez mais empobrecidos e suas famílias, que têm oportunidades cada vez mais limitadas.
Palavras-chave
Estilo de vida, Mulheres - Conduta, Identidade feminina, Prisioneiras, Estigmatização, Prisões - Aspectos sociais, Pernambuco
Referência
MELO, Camila Maria de Paiva. Trajetórias subalternas urbanas: o cotidiano de mulheres egressas do cárcere em Pernambuco. 2025. 53 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências do Consumo) – Departamento de Ciências do Consumo, Universidade Federal Rural de Pernambuco, 2025.
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