Abundância do Tubarão de Galápagos (Carcharhinus galapagensis) (Snodgrass e Heller, 1905) no arquipélago de São Pedro e São Paulo com o uso de estação de vídeo remota subaquática com isca (BRUVS)

Abstract

O Arquipélago de São Pedro e São Paulo é um ambiente insular único, que representa um dos mais distantes pontos de agregação de tubarões e outros grandes peixes pelágicos no Atlântico Sudoeste. Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a abundância do tubarão de galápagos (Carcharhinus galapagensis, Snodgrass & Heller, 1905) no Arquipélago de São Pedro e São Paulo através de filmagens geradas por Estação de Vídeo Remota com Isca (BRUVS). As amostragens foram realizadas utilizando uma estrutura em aço inoxidável em formato de trapézio, onde foi instalada a câmera GoPro-hero 4, acondicionada numa caixa estanque, e na extensão da estrutura, foi acoplada uma caixa onde foram acomodadas as iscas, que geralmente foram constituídas de vísceras de peixes coletadas pelos pescadores. As gravações foram analisadas utilizando o reprodutor de vídeo VLC media player, buscando identificar a espécie, o sexo, o número de indivíduos e as frequências de observação absoluta e relativa de cada espécie observada. No total, foram analisados 21 lançamentos de vídeo no período de setembro de 2022 e setembro de 2023, com uma duração média de 65 minutos nos quais foram observadas 7 espécies, sendo 2 espécies de tubarões, sendo uma delas o tubarão de galápagos, e 5 espécies de peixes-ósseos. A espécie de tubarão mais abundante nas avistagens foi o tubarão lombo-preto (Carcharhinus falciformes) (4015), seguido do tubarão de galápagos (246), espécie alvo do presente estudo. No total 12 tubarões de galápagos foram individualizados através de características como de marcas de cópula, marcas naturais, anzóis e possíveis injúrias ocasionadas pela pesca, assim como através da presença de objetos agregados ao corpo, sendo 6 machos, 4 fêmeas e 2 não identificados. Dos tubarões de galápagos individualizados, apenas um indivíduo macho foi reavistado 4 vezes durante um período de 11 dias. Em relação as variáveis ambientais, o valor da correlação da TSM com o número de avistagens apresentou uma relação positiva e de força moderada (r= 0,55). A correlação entre o número de avistagens e a profundidade do local do lançamento do BRUVS foi positiva e forte (r= 0,81) enquanto que a correlação entre o número de avistagens e a profundidade de lançamento do equipamento foi positiva e moderada (0,65). Esses resultados mostram que os Carcharhinus galapagensis não é tão abundante quando comparado ao C. falciformis nos arredores do ASPSP, e sugere que a profundidade e outros fatores ambientais exercem sobre o número de avistagens da espécie no ASPSP.